“Não adianta! Isso tudo é loucura! Nada compensa entregar o mundo ao caos!”
Gritando e tentando resgatar o corpo dilarecado de Tedaiama, Aira recorre à feitiços recém aprendidos para poder proteger seu amigo da fúria do seu antigo contratante. Ela, que outrora fazia parte da mais forte – e desconhecida – equipe de mercenários de Faerüm, se viu presa em uma trama sombria para acordar algo que parecia esquecido pelos sábios de todo o mundo. Ela sabia que os riscos poderiam ser enormes em negociar com criaturas que escravizam legiões inteiras de humanóides, e tem como objetivo ressuscitar uma antiga divindade e colocar uma fortaleza voadora para espalhar a destruição.
Enquanto a legião de monstros caem sobre ela, separados apenas por uma muralha de força lançada preventivamente, Aira recorda quando Valindra apareceu para seu grupo há quase 3 anos atrás. Líder de uma facção dissidente dos Magos Vermelhos de Thay, a Lich ofereceu riquezas incalculáveis. Quando cada um dos membros de sua equipe recebeu o preço de 3 castelos em diamantes, a coisa parecia bem séria. Sem falsa modéstia, o grupo de Aira era um dos melhores no multiverso! Era o mínimo para ser pago, e ainda existiam outros pagamentos! Claro que a equipe dela aceitou.
A primeira missão era simples: invadir o subterrâneo, e “conversar” com um monstro em forma de cérebro gigante. Muito fácil. Alguns monstros que não entendiam as intenções “pacíficas” do grupo de Aira atrapalharam no início, mas foram subjugados. O monstro foi hostil, mas caiu perante a força de Aira e seus outros 6 companheiros.
Depois dessa primeira missão, a coisa ficou estranha. O líder do grupo, Puraido, começou a andar constantemente com Valindra. Logo, as missões ficaram mais difíceis. Estavam presos contratualmente à conseguirem 7 artefatos, que não tinham uma localização exata. E como inimigos, os mais fortes arcanos de Faerüm. Para Aira, apenas uma experiência diferente, já que anteriormente o grupo dela tinha derrotado um aspecto divino. “O que é um maguinho frente a uma criação semi divina?”
Mas aí a coisa começou a ficar estranha. Puraido ficou ganancioso. Conseguiu convencer boa parte do grupo a seguir Valindra, e logo, o grupo estava massacrando elfos e controlando cidade-estados.
O dinheiro continuava entrando, mas tinha alguma coisa que Aira não entendia: “qual era o objetivo disso tudo?” Se fosse uma espécie de dominação global, Aira até entenderia a megalomania, mas todas as ações não eram para dominação, mas simplesmente apenas por destruição. E quando o grupo chegou a um refúgio de um reles grupo de aventureiros, a conversa antes do massacre que viria abriu os olhos e ouvidos de Aira: todo esse caos era para acordar uma entidade que levaria a destruição para tudo e todos.
Aira tentou conversar com seus companheiros. Eles tinham que ouvir. Não era a toa que eles estavam juntos a mais de 100 anos! Cada um tinha um voto e magias que ligavam eles. Cada um deles sabiam a fraqueza um do outro. E quando o grupo foi formado, cada um tinha um objetivo “nobre”, e nenhum era a destruição da realidade! Aira foi voto vencido, e Valindra soube dessa “traição”.
O que se seguiu foi uma carnificina! Claro, como um grupo poderoso, eles estavam protegidos por magias seculares que impediam de um matar o outro, e muitos já não morriam de causas “naturais”, mas nada impediu que tripas e membros voassem no palácio inclinado. Aira ainda tenta resgatar um dos que ficaram ao lado dela. Não existe mais conversa, apenas gritos…
“Vocês enlouqueceram! Isso é inadmissível! Vocês estão colaborando com algo que destruirá todos nós! Como podem…”
A visão falha. Aira foi atingida por uma magia muito forte. Suas magias de contingência impedirão a destruição completa dela… Mas infelizmente, ela não sabe o que farão com o corpo dela.
Traída pelos amigos, só resta agora esperar que a morte venha, e que ela vá para a dimensão dos seus deuses cultuados… Ou algo pior.
O esquecimento…