Saudações aventureiros!
Nesses últimos dias, os RPGistas brasileiros viveram momentos de fortes emoções, das melhores as piores, com a notícia tão esperada da vinda do Dungeons and Dragons para o Brasil. Sussurrava-se em pequenos grupos que editoras estavam planejando trazer a licença, ou até a antiga detentora da licença, poderia estar a frente, mas depois do desenrolar entre 3 editoras que fariam um “selo” para o lançamento desse RPG no Brasil, e o desfecho frustrante que acabou paralisando a vinda dele para cá, expõe algo que muitos dos RPGistas gostam de esconder por trás das suas cortinas ou embaixo de seus tapetes…
RPG é um hobby, e não diferente de qualquer outro, precisa de empresas e capital para girar. Mesmo com o altruísmo de um mestre em reunir um grupo e jogar sem interesse nenhum, exceto divertir-se e divertir os demais, ainda sim, RPG é um produto que vende. E vende muito. Para um público seleto, mas vende.
Muito se alarda sobre o RPG está morto no Brasil, mas com a abertura de várias editoras desde 2008 para cá, prova-se que ele está longe de morrer. Claro que temos vários empecilhos, desde a logística de divulgação, eventos, e claro, a boa vontade de comprar dos próprios consumidores. Nesses últimos 10 anos, o mercado RPGístico viu uma série de livros dos mais sortidos, sistemas além da “tríplice RPGística” tão conhecida na década de 1990 e metade da 2000, observamos financiamentos de grandes sucessos, e também de grandes fracassos, mas a expectativa maior nesses últimos 3 anos estava no lançamento do maior e 1º RPG do mundo no Brasil: o Dungeons and Dragons.
A Wizards of the Coast fez um alarde monumental, informando que o D&D não seria lançado em outras línguas – tudo marketing – mas conforme relatos já publicados pelas editoras, desde outubro de 2016 elas sabiam demais! E seguraram a surpresa para gratamente nos presentear, só faltou uma coisa…
Editoras são empresas, e mesmo que existam o altruísmo RPGístico entre as que distribuem esse tipo de material, elas não deixam de ser empresas. E como empresas, visando o lucro, elas podem sim passar outras para trás. É o capitalismo: a lei do mais esperto. É triste quando isso acontece, mas também é recompensador pois, querendo ou não, se existe concorrência, existe barateamento de produtos. Ponto para o consumidor final.
Mas tem um porém. A concorrência em empresas é estimulada em outros círculos de comércio, mas no RPG, por todos se conhecerem e tratar-se como “vizinhos” ou “colegas”, fica algo como um círculo de amizade. É nessa coisa que das 3 editoras que fariam o selo para lançar o D&D não notou que uma delas pensava além dessa “brotheragem“.
A nação RPGista no Brasil é mais unida do que as demais espalhadas pelo mundo, dado ao fácil acesso aos próprios líderes dos produtos no qual eles consomem, e o feedback que é bem recebido (ou não, em alguns casos…), e nota-se que o brasileiro adora tomar lados, até por coisas que estão além de se tomar lado. E a empresa que fez o “ataque furtivo” e roubou a licença só para si (meu preciosooo) agora terá que sim, além de se explicar judicialmente, terá que enfrentar uma horda de jogadores insatisfeitos com a artimanha efetuada.
Na minha opinião, esse tipo de coisa acontece e muito nos bastidores. Não foi a primeira vez nem será a última que empresas se cutucam, foi lamentável expor tudo, foi, mas também foi gratificante, pois vemos com transparência as ações das empresas no qual depositamos nosso dinheiro e recolhemos nosso lazer. E o que esperar? Eu espero justiça, não por tomar partido de um lado ou de outro, mas que seja julgado e condenado qualquer lado que utilizou-se de má fé ou quebrou o fair play editorial de livros e jogos analógicos. Espero que os culpados paguem, e principalmente, que o Dungeons and Dragons, amado por muitos, saia no Brasil mais cedo ou mais tarde, pois sei que muita gente tem a dita “barreira linguística”, e principalmente, mesmo existindo pirata há anos, sei que muita gente não troca o cheio de livro novo por um pdf sem graça.
E rolem dados!
Para saber mais:
Jovem Nerd: https://jovemnerd.com.br/nerdnews/o-conturbado-lancamento-de-dungeons-dragons-no-brasil/
Medium (em inglês): https://medium.com/@t.mcgrenery/why-brazilians-are-boycotting-dungeons-dragons-3fa37ce4d8a3