Satanizando o RPG – Parte Final

Saudações Aventureirxs!

Continuando a reportagem publicada no The Escapist, feito por Allen Varney, sobre como evoluiu a paranoia anti-RPG nos EUA, mas explicitamente, a cruzada anti-Dungeons and Dragons. Essa postagem foi originalmente escrita em nosso antigo blog, e trago-a novamente para os novos visitantes tenham uma base o que foi essa “idade das trevas” para o RPG.

Satanizando o RPG – Parte Final

Como vimos na postagem anterior, por causa de uma mãe que não conseguia colocar a culpa em si mesma sobre o suicídio do filho, achou mais fácil culpar um jogo que o filho tinha experimentado no dia do suicídio. E ainda, por causa de um outro garoto perturbado, e um detetive oportunista, tudo conspirava contra o RPG, e a favor da paranoia. Não é a toa que até hoje, sempre se procura a resposta para tantas pessoas que “acham legal” pegar uma arma e matar um monte de gente. São os jogos culpados por pessoas serem desse jeito? Vejam a conclusão da matéria logo abaixo.
1988 – De acordo com os Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC em inglês), a taxa de suicídios entre estados unidenses em idade entre 10 aos 24 anos é de 9 a cada 100.000.
Junho de 1988James Lowder, editor, assume a divisão de livros da TSR, no período onde o pânico estava começando a esfriar. “Eu tinha assumido (a TSR) com o pensamento que o pior já passou“, ele escreve,  “Eu não poderia está mais enganado“.

Quando eu me mudei para meu primeiro escritório na TSR, Eu coloquei cópias de páginas do Dark Dungeons na porta. As páginas foram retiradas apenas alguns minutos antes de (vice-presidente da TSR) Jim Ward passar. Ele entrou pela porta, apontou para as páginas, e disse: “Se você quiser trabalhar aqui, esta tarde, você vai ter que derrubá-los imediatamente”.  Por um momento eu supus que ele estava brincando, mas ele explicou que a CEO (da TSR) Lorraine Williams e o resto da gerência não tinha senso de humor sobre o pânico, e que se eu fosse sábio, nunca brincaria sobre o assunto dentro do alcance audível de qualquer um deles.

Eu logo descobriria que a divisão não estava exagerando. Na verdade, a empresa havia se tornado tão hiper-sensível às críticas relacionadas ao pânico, que demônios e diabos iriam desaparecer do AD&D, com a publicação da segunda edição. Descobri também, que a empresa estava anexando um guia para todos os contratos novos dos novelistas – uma versão ligeiramente modificada do velho Comics Code Authority para o conteúdo editorial. Ninguém era forçado, no entanto, quando eu perguntei o por que, dada a falta de aplicação, as orientações foram incluídas no contrato a todos, e eles me disseram que era para dar cobertura. Se alguém perguntava, a empresa poderia fazer uma lista de conteúdos proibidos e dizer que nós tivemos a mesma orientação das pessoas que publicaram coisas sadias, como Archie and Superman.

 

1989 – AD&D segunda edição substitui todas as menções das palavras “diabo” e “demônio“, com os neologismos “baatezu” e “tanar’ri“, e similarmente expurga termos reais como “succubus“.
Não influenciado por essa concessão, Vital Issues Press publica o livro de Pat Pulling e Kathy Cawthon: The Devil’s Web (A Teia do Diabo): Quem está perseguindo suas crianças para Satanás?
1990Michael A. Stackpole publica The Pulling Report, uma dissecação devastadora e meticulosa:

 

Claramente Pat Pulling é uma “expert em crimes ocultos” somente em seus próprios olhos e aos dos seus companheiros, aliados e discípulos. Barry Goldwater (Senador republicano, falecido em 1998) disse certa vez: “Extremismo na defesa da liberdade não é imoralidade.” Mas o extremismo ligado com a batalha contra a Conspiração Satânica não está defendendo nenhuma liberdade. Fanatismo, como a que perpetua uma fantasia histérica, é nada menos que pura maldade. O único mal maior é não fazer nada para compartilhar a verdade com aqueles que possam ser induzidos ao erro pela Sra. Pulling.

 

30 de Setembro de 1990 – Uma investigação do jornal britânico The Mail on Sunday desacredita as alegações principais em Michelle Remembers. The Mail cita o pai de Michelle, Jack Proby, dizendo que o livro “era o pior monte de mentiras que uma menina poderia dizer para fazer as pazes.” As repórteres Denna Allen e Janet Midwinter pergunta para o co-autor Larry Pazder: “Você se importa que isso seja verdade?” Ele responde: “Estamos todos ansiosos para provar ou refutar o que aconteceu, mas no final, isso não importa.”
1991GAMA, The Game Manufacturing Association, publica um panfleto, breve e sensível, dirigido aos pais e repórteres, intitulado “Perguntas e Respostas sobre Jogos de Interpretação” (Questions and Answers About Role-Playing Games, em inglês).
1992 – As redes de televisão CBS e NBC apresentam dois programas anti-RPG depois do Maio Sangrento, altamente baseado no caso de Lieth Von Stien: Honre sua Mãe (baseado no livro Blood Games de Jerry Bledsoe) e Dúvida Cruel (baseado no livro de Joe McGinnis). Estes shows marcam o declínio da propaganda anti-RPG nas grandes mídias.

O estado de Illinois derruba Thomas Radecki com “alegações de atividades sexuais ilícitas […] com uma das suas pacientes do sexo feminino, e revoga sua licença médica por 5 anos.
1993 – Em março, Stackpole debate com Thomas Radecki no programa de Jim Bohannon, numa rádio sindicalizada da CBS: “Essa foi a última vez, pelo meu conhecimento, que ouvi Radecki falar de jogos ou games”, fala Stackpole:

Na preparação do debate, eu enviei a CBS a cópia de um fax, com o decreto de consentimento que Radecki estava impedido de exercer sua profissão na medicina e receitar drogas e medicamentos. Um ano depois, a CBS usou essa cópia para desmascarar Radecki, que estava agindo ilegalmente com uma loira de olhos azuis, no qual ele agenciava essa mulher para ser barriga de aluguel para jovem abastardos.

Satanizando o RPG: E depois de 1993?

Depois da histeria em cima dos jogos de RPG, a população começou a desacreditar qualquer livro que atacasse diretamente o jogo, como ligasse ele aos SRA. Todas as relações do Dungeons and Dragons com suicídios ou abusos rituais foi esclarecido, com a resolução total do caso ou com o arquivamento por falta de provas cabíveis.

Em 1995, a taxa de suicídio entre jovens diminuiu de 9 pra 100.000 para 7 para 100.000.

Paródias ainda foram feitas, como a do grupo de comédia de Wisconsin, Dead Alewives: Take Down, The Grand Master, satirizando a paranóia “D&D Satânico”, como falando de “Evocando Nerds” ou até “Atacando nas Trevas” em suas músicas.

Thomas Radecki está exercendo novamente sua profissão de psiquiatra, e mantém um site sobre as mortes e o D&D.

Em 1999, o Early Washington Post interligou o massacre de Columbine a jogos de RPG. Stackpole, consultor dos novos proprietários da franquia do D&D, Wizards of the Coast, advogou contra os ataques do Early, desafiando eles a provar o que estavam dizendo. O processo durou somente três dias, culminando na retirada das acusações pelo Early.

Pat Pulling morreu de câncer em 1997, e o BADD morreu com ela. Larry Pazder morreu em 2004, e em seu obituário, nada é mencionado a ele sobre a autoria de Michelle Remembers. Michelle Proby Pazder ainda é viva, e não dá entrevistas.

Conclusão

Toda essa paranóia envolvendo jogos não é uma coisa recente. Se você quiser conhecer mais coisas sobre Pânico Moral, veja http://en.wikipedia.org/wiki/Moral_panic. Aqui no Brasil, tivemos relatos similares, mas como vivemos em estado de cerco, pois temos uma única rede que monopoliza a informação aqui, nosso hobby foi atacado por deveras vezes, sem a explicação básica do que ocorreu em Minas Gerais. A única coisa que devo alertar a todos é: nosso pânico moral está engatinhando, cabe a nós não deixar ele atingir a maturidade. A blogosfera RPGística está aí, e se surgir algum indício, por parte de algum parente desinformado, ou até um líder religioso preconceituoso, não deixe de nos procurar, pois com base de exemplos e pesquisas, podemos sanar qualquer dúvida relacionada ao RPG.

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