Saudações, aventureiros!
O texto a seguir faz parte da história base da campanha que os #cavaleirosinsones estão participando nesse exato momento. Ela resume, deixa brechas e dicas do que pode acontecer conforme eles vão explorando o Mundo Conhecido de Mystara, e também deixa a dica para que, caso algum de vocês deseje, utilizar como pano de fundo em qualquer campanha de RPG em qualquer sistema ou cenário.
Ela não faz parte do cânone de Mystara, mas usa de muitos elementos do cânone. Deliciem-se com o texto.
A lenda dos heróis imortais
Andando calmamente entre a pequena vila de Andillard, que fica no centro da ilha com o mesmo nome, e que tem como seu principal monumento natural um grande vulcão inativo há séculos, o elfo do mar Luivard Aememon observa a vida pacata dos habitantes, que nasceram, cresceram, e provavelmente, viverão o resto de suas vidas na pacata vila.
Claro, todos sabem o segredo que o vulcão adormecido, desconhecido ou ignorado pelos demais habitantes do arquipélago de variadas ilhas e ilhotas conhecidos politicamente como as Guildas de Minrothad, guarda no seu interior. E todos os habitantes, há incontáveis gerações, são guardiões de um mal que pode ser despertado a qualquer momento. Mas não foi há também incontáveis séculos.
Luivard, como bom guardião das histórias, e responsável como foi seu pai, avô e incontáveis gerações antes dele, tem que manter as tradições e treinamentos do povo ao redor do vulcão, para caso aconteça algo, que saibam como intervir de forma rápida. E sem muitos mortos.
O segredo guardado é uma jarra, tão grande que pode caber um humano grande dentro confortavelmente, que jaz dentro de um labirinto de cavernas, no interior da montanha. Avisos de “não entre” na principal entrada, lacrada há séculos, alertam em diversas línguas para que ninguém se aproxime da tumba. Luivard mantém as placas legível, somente reforçando as pinturas, ou trocando as desgastadas. Um trabalho trivial.
Enquanto anda entre os habitantes, é imediatamente abordado pelas crianças da vila. Com sua tez rosada pelo sol da pequena ilha, de uma forma carinhosa agrega em seus braços lânguidos as crianças, que pulam e gritam pelo seu nome, cercando-o e quase derrubando o elfo no chão.
“Luivard! Luivard! Conta a história do demônio no jarro!”, grita uma criança humana, filhos de ex-piratas que se instalaram na vila há alguns anos atrás. “Luivard! Luivard! Será que ele será libertado algum dia?“, tagarela outra criança, dessa vez um him, filho de mercadores que trazem mantimentos do continente para a ilha.
O elfo se dirige a uma das diversas árvores no centro da vila e senta-se logo à sua sombra, fazendo com que as crianças repitam seu gesto.
“Crianças, vou contar para vocês. Mas saibam que todos nessa ilha estão sempre de prontidão, pois caso um dia a criatura se liberte, todos possuem a responsabilidade de capturar a criatura e colocá-la novamente em sua prisão“.
O elfo respira. Não é a primeira vez que tem que contar a história para crianças. Já são quatro gerações que ele ensina… ou serão cinco? Ele já não sabe mais. De tanto contar, até ele acredita que é uma história de crianças. Mas como jurou para seu pai, que jurou para o pai dele, e assim como uma sina cruel, ele tem que contar a história e estar preparado sempre para o pior.
“A história começa em uma era que pouco se escrevia, e pouco se registrava. O mundo era diferente. As nações que hoje existem não existiam na época que aconteceu. E se diziam que a raça mais jovem, os humanos, mal tinham aparecido no mundo.“
Com um gesto, ele faz uma pequena mágica ilusória para materializar um planeta, tirando palavras de espanto e regorjeio da plateia infantil.
“A magia era instável, pois não era uma ciência como nós conhecemos. As nações eram selvagens. E o mundo estava em transformação. A era dos heróis imortais. Seres que atingiram um nível tão formidável de desenvolvimento, que ascenderam aos planos superiores pelos próprios esforços, seja ele físico, mental, mágico ou espiritual“.
Em uma girada de mão, a ilusão anterior se transforma em algo sombrio, como um monstro sem forma, gigante, maior que o planetinha criado por ele.
“Enquanto o mundo se modelava para se transformar no que conhecemos hoje, os que seriam os magos de épocas imemoriais, utilizaram de magias não escritas e não dominadas, para adquirir conhecimento sobre o mundo. Não se sabe se eles foram responsáveis pelo que conjuraram, ou simplesmente atraíram a atenção de algo até então desconhecido.“
“Um ser, de imensurável poder, devorador de mundos, apareceu no Mundo Conhecido. Ele tapou o Sol. E fez brotar do chão criaturas monstruosas, que atacaram as nações do mundo conhecido.“
Luivard muda novamente a forma que estava conjurando, para um cenário de batalha e sangue, onde algumas crianças seguram o medo colocando a mão na boca, enquanto outras, fascinadas pela narrativa, apenas observam.
“Vários heróis juntaram exércitos para combater tal criatura. Muitos pereceram. Nações foram apagadas da história. E só temos algumas ruínas que presenciaram tal domínio de terror. E isso durou o tempo de vida de um elfo“.
A ilusão de batalha e morte modifica para um campo só de mortos e destruição.
“O Mundo Conhecido parecia ter perdido. O planeta estava fadado a ser consumido por tal criatura. Mas a esperança não morreu. Um grupo de aventureiros, conhecido como os Heróis Imortais, desceram dos seus planos superiores, e enfrentaram a criatura. Uma batalha que durou dias, talvez semanas.“
Luivard cria a ilusão de criaturas, das mais variadas raças, vestindo armaduras douradas e armas brilhantes, lutando contra a sombra. A cena fez com que sua plateia pulasse em comemoração!
“Porém, a criatura, como eles, não podia ser morta. Ela tinha o poder dos imortais. Mesmo sendo uma criatura alienígena, de outro tempo e dimensão, detinha poderes formidáveis e conseguia bater de frente com os heróis. Até que um deles, usando de artifícios até hoje não informados… Magia? Força? Consegue achar o ponto fraco da criatura“.
A sombra criada com a ilusão por Luivard é fragmentada em vários pedaços, e colocados em diversos objetos.
“Eles conseguem aprisionar a criatura. Mas sabem que os receptáculos, se próximos um dos outros, podem fazer com que a criatura se liberte. Eles tentam levar os receptáculos para outra dimensão, banir no sol, no fundo do mar negro do céu, mas algo fazia com que os receptáculos não saíssem do chão. Do Mundo Conhecido. De Mystara.“
“Então, eles decidem esconder os fragmentos da essência da criatura, presa nos receptáculos, em diversos locais de Mystara. E combinam que manteriam segredo um dos outros da localização dos receptáculos, instruiriam seus descendentes mortais de como manusear e guardar os objetos, e como proceder caso o pior acontecesse… A criatura se libertasse“.
Luivard interrompe a magia. E faz uma pausa dramática observando as crianças de bocas abertas para a história.
“E é aqui que entramos. Somos descendentes dos guardiões de um dos fragmentos. Por segurança, nunca soubemos onde estão os demais, nem quanto são. E nunca mantivemos contatos, pois sabemos que a criatura tem um poder formidável de manipulação, e seus asseclas até hoje poderiam procurar seu mentor.“
Levantando do chão e limpando a areia de suas calças, Luivard passa a mão na cabeça da criança mais próxima, para quebrar o clima de terror que deixou ao terminar a história.
“Mas não se preocupe, crianças! Essa história tem séculos, e é quase um conto de fadas. E Não será nessa geração que a criatura será libertada de seu cativeiro. Não em meu turno nessa vida“.
Luivard nunca esteve tão enganado.
Se quiserem acompanhar as aventuras dos Tubarões Voadores, e se eles conseguirão impedir que esse mal retorne, confiram aqui no blog dos #CavaleirosInsones. Abaixo um resumo da campanha até o momento.
E rolem dados!